No âmbito da disciplina de Design, Cultura e Sociedade foi proposto aos alunos que escolhessem uma peça de vestuário e trabalhassem os conceitos à sua volta. Vim solicitar uma entrevista com uma loja especializada no campo, a “Casa das Luvas” no Porto.
Entrevistado: Sr. Ramos
Cargo Ocupado: Dono da Casa das Luvas
Questões:
1. Á quanto tempo foi fundada a “Casa das Luvas”?
A casa foi fundada em 1935. Encontra-se aberta a 74 anos.
2. Exporta luvas? Se sim, para que países/marcas?
Sim. Para a Kenzo, El Corte Inglês, Tiffosi, Luvaria Ulisses, Cirque du Solei.
3. Para criar um par de luvas o que utiliza?
Moldes de cartão, moldes de aço, no corte das peles, malhas (…) para as luvas.
4. Que materiais utiliza, geralmente, para criar um par de luvas?
Pele de veado, pele “porco”, pele de capivara, lã, seda natural
5. Porque usa esses e não outros materiais?
São os mais procurados. No caso da caxemira é muito cara. O mesmo acontece com os outros materiais menos procurados.
6. Já utilizou pele de cobra, de rã, de peixe? Peles muito procuradas no momento.
Sim, já. Mas não justificava o preço, nem a mão-de-obra.
7. Quanto custa, em média, um bom par de luvas confeccionado neste estabelecimento?
Uma luva, já considerada razoável custa pelos 30€ - 100€. Obtendo-se qualidade nas peles, mão-de-obra e atendimento.
8. Como classifica o mercado que envolve a indústria de luvas em Portugal?
Muito fraco. Hoje mais que nos tempos passados. Devido à abertura de muitos shoppings na zona do Porto que acaba por tirar a multidão dos passeios pela rua.
9. Quem mais procura um bom par de luvas?
As senhoras são quem mais o procura, muitas das vezes para oferecer como prendas.
10. Conhece outras aplicações de luvas que não a protecção e a aparência estética?
Se sim, o que conhece?
Fez um ensaio com luvas digitais mas este teve de ser cancelado devido á falta de um tipo de fio (que faria ligações entre as varias partes da mão) em Portugal.
11. Já foi abordado por outros estudantes para trabalhos?
Sim já. Uma vez por uns alunos da Universidade do Minho, precisamente na área da investigação da luva digital.
Como estas questões não bastam para conhecermos o mercado, o Sr. Ramos deu-nos uma perspectiva de um Portugal sem interesse em ajudar comércios tradicionais e de rua. Existem lojas que não se conseguem manter de pé devido a grandes inimigos: shopping, lojas chinesas, falta de recursos em Portugal.
O ofício torna-se necessário de aprender para não deixar lojas como a “Casa das luvas” sem mão-de-obra. O que hoje não ocorre pois não existem jovens direccionados para a confecção totalmente manual de luvas. Um trabalho que exige concentração e dedicação pois “É um oficio que não se faz bem pelo menos com dois anos de aprendizagem” diz-nos o Sr. Ramos com experiência, pois os funcionários da sua fábrica, situada na Maia, encontram-se ramificados à empresa, muitos há mais de 20 anos.
Conhecido em países como Brasil, Las Vegas, Munique, Itália recebe encomendas de todo o tipo de pessoas desde luvas para cerimónias e condecorações como também encomendas de luvas para o famoso “Cirque do Solei”.
O que faz primar “Casa das luvas” vem do trabalho e suor da fábrica onde tudo acontece e onde tudo se cria. Nesta fábrica, constituída por cerca de 70 funcionários a pele é trabalhada, esticada, moldada e cosida à mão por funcionários conhecedores de todos os factores necessários para a manufactura de um par de luvas.
Luvas de condução